domingo, abril 05, 2009
quarta-feira, fevereiro 25, 2009
Agradeço os dias repletos da arte que grita para ser vista; recordo as conversas que agitaram a matéria para a/me transformar em algo melhor; reflicto sobre o que me sou. Concluo que afinal ainda aqui estou e que é preciso um esforço imenso para manter este sentido ao voltar a “casa”. E para quando uma casa?
Enfim… estes últimos dias deram-me mais uma.
Obrigada Madrid.
Posted by Wayfarer at 8:18 da tarde 2 relatos
quarta-feira, janeiro 07, 2009
Pelo menos consigo imaginar exactamente onde queria estar neste momento. Não que isso resolvesse alguma coisa, mas pelo menos aliviava este cansaço existencial. Momentaneamente. Para logo de seguida voltar a culpa, o desânimo e mais não sei o quê que me corrói. Mas neste momento, nem isso.
É quase meia-noite e as únicas palavras que fazem sentido são, mais uma vez:
(…)
Estou só, só como ninguém ainda esteve,
Oco dentro de mim sem depois nem antes.
(Álvaro de Campos)
Posted by Wayfarer at 10:28 da tarde 3 relatos
quarta-feira, setembro 24, 2008
The unforgiven iii
no próximo ano espero ouvir esta contigo Cx/' *
Posted by Wayfarer at 9:51 da tarde 0 relatos
quinta-feira, setembro 11, 2008
Tendo já em consideração que temos que respeitar os outros e as suas várias formas de integridade física e psicológica, onde começa a liberdade humana?
Alguém disse uma vez:
“Agradeço aos meus pais terem sabido tomar conta do meu corpo. […]
Os pais […] transmitem apenas a cegueira necessária à sobrevivência diária.” *
Já muitas pessoas se chocaram com a repetição desta ideia, mas ela continua escrita no meu quadro de cortiça e cada vez mais presente na minha vida.
É verdade que temos responsabilidades para com as pessoas que já cuidaram de nós e que de certa forma continuam a pagar as contas da casa, mas quando essa responsabilidade nos é arremessada sob a forma de chantagem emocional em prol de um alegado “abandono” que apenas quer dizer “crescer”, começa decididamente a interferir com a liberdade humana.
O meu eu mais profundo estaria neste momento em alguma parte do mundo a investir em formação com os melhores, ou a fazer uma reportagem fotográfica para uma grande agência. Ligaria todos os dias para “casa”, claro, estaria presente quando necessário, mas passaria os dias a aprender ao sabor das oportunidades e do meu mais elevado sentido de verdade.
Tenho lutado contra esta necessidade durante anos, ou pelo menos tentando encontrar-me nos pequenos desafios da vida que vou tentando (que me deixam tentar? Que deixo que me deixem tentar?). Procuro um meio termo que me permita estar por perto e apoiar quase constantemente os que tomaram conta de mim, ou pelo menos “do meu corpo”.
Quando começo já a pensar que, perto da morte, me vou arrepender de não ter vivido a minha vida, pedem-me ainda mais cedências através de caprichos. E eu, com medo da culpa, cedo. E vou-me sentido cada vez mais um não-eu, com, paradoxalmente, cada vez mais culpa.
E quando a culpa por ter cedido e dado mais um passo atrás no caminho é superior à culpa de dizer “não”?!
E hoje, agora, o meu lugar não é aqui, não a escrever estes textos decadentes nem a chorar por culpa da culpa, quase culpando-me de querer ser eu. O meu lugar neste momento seria naquela curva quentinha, onde posso ser tudo e continuar a crescer.
Mas acredito que um dia me consiga sentir plenamente “em casa”.
* In Lições do Abismo, Daniel Sampaio
Posted by Wayfarer at 10:55 da tarde 2 relatos
quinta-feira, setembro 04, 2008
Já disse aqui que todos os sentimentos místicos implicam a anulação do eu. Quem me conhece sabe que faço os possíveis e impossíveis para manter a minha individualidade em todas as situações. Então de onde vem este paradoxo da minha existência não fazer sentido sem ti? Admiti. Pronto. Pára de me torturar, consciência severa!
O par tem três partes como dizia a Satir: eu, tu e nós. E se há momentos em que o nós prevalece, porque não? Desde que as outras partes continuem a fazer crescer o eu e o tu!
Já me justifiquei o suficiente… A verdade, a essência daquilo que eu sinto, é que o eu que construí precisa daquele nível de partilha que conseguimos atingir. Precisa das noites de quarto minguante e pores-de-sol com banda sonora privilegiada. As minhas ideias estão fragmentas por falta de quem as complete. Afinal, não tínhamos já descoberto há muito tempo atrás que edificámos uma “mente sistémica”?!
E os medos?! De não ser capaz, de me prender, de cair no ridículo… Também eles me estão a abandonar a poder de uma força maior. Esta é uma batalha que enfrento todos os dias, e cada segundo vale a pena.
E um ano mais tarde. Muitos anos mais tarde. Cá estamos nós de novo.
Nunca mais é amanhã.
Posted by Wayfarer at 9:19 da tarde 2 relatos
terça-feira, agosto 19, 2008
Síndrome ou parte integrante de cada ser? Não consigo decidir.
Olho para trás e para as pessoas com quem me fui cruzando. Olho para mim. (Não será afinal a mesma coisa?)
Há algo de comum nestes encontros, algo que se vai desenvolvendo e renovando. Somos como uma garrafa de espumante. Por vezes o mundo vem abanar-nos. Uma pessoa pode facilmente criar uma entropia de ideias, a comichão de uma dúvida, a inquietude de uma emoção. Condições mais intensas tiram-nos a tampa. Precisamos de explodir pois já não é possível conter a pressão das ideias, dos sentimentos, da dor… Quem nos rodeia pode pensar que enlouquecemos mas no fundo estamos apenas em transformação, em desenvolvimento. Ressacamos da perda ou da conquista, digerimos a mudança. É tempo de calmaria. Sim. Devemos voltar a rolhar a garrafa para que as bolhas que nos impelem a lutar e a crescer não se percam na estagnação do hábito, até que nos permitamos ser abalados de novo.
Isto é viver.
Posted by Wayfarer at 10:15 da tarde 1 relatos
domingo, agosto 03, 2008
Um quarto à média luz, a música certa, a temperatura adequada. O Silêncio imperturbável da noite lá fora. Estou bem. Como se nada faltasse a este projecto de vida que me sei. Sem pendentes ou incertezas urgentes, ou pelo menos não sofrendo por antecipação. Percebo que é possível sentir-me bem neste corpo que costumava carregar, neste mundo, nesta vida. Integro as minhas últimas conquistas e preparo-me com calma para as que hão-de vir. E finalmente, aceito o que construí e o que ainda tenho para trabalhar. E sinto-me bem.
Posted by Wayfarer at 10:09 da tarde 3 relatos
terça-feira, julho 29, 2008
A sentir, a sonhar, a escrever.
O último ano de faculdade com todas as suas imposições e tudo o que tentava emergir dos resquícios da minha vida pessoal para me ocupar a mente, não deixaram espaço para estas 3 funções que fazem parte de mim.
Senti-me uma não-eu a tentar colocar pedaços de mim em tudo o que o meu eu (recente) e excessivamente profissional me exigia.
Hoje estou de férias. Automaticamente recupero os projectos e sonhos que construi ao longo dos anos e que, afinal, não me abandonaram. Recomecei a escrever também. A meta-análise constante da minha vivência começou a ser passível de partilha verbal. Hoje é tempo de dar palavras a este cantinho que tanto aconchego me tem dado.
Afinal não é só esta Felicidade recentemente reconquistada que causa a ausência de inspirações mais-que-frequentes. Afinal tentaram roubar-me a identidade durante 11 longos meses…
“Sim, mas ao mesmo tempo fortaleceu aquilo que precisamos para a vincar num mundo de competição e de ambição levados ao extremo
Quanto a mim estamos cada vez mais rodeados de situações que nos tentam roubar a identidade
Tornar-nos estereótipos de sociedades decadentes e que envergonham qualquer um!” Caracóis
Voltei!
Posted by Wayfarer at 10:13 da tarde 1 relatos
sexta-feira, junho 06, 2008
And Nothing Else Matters!
So close no matter how far
Couldn't be much more from the heart
Forever trusting who we are
And nothing else matters
Never opened myself this way
Life is ours, we live it our way
All these words I don't just say
And nothing else matters
Trust I seek and I find in you
Every day for us something new
Open mind for a different view
And nothing else matters
Never cared for what they do
Never cared for what they know
But I know
So close no matter how far
Couldn't be much more from the heart
Forever trusting who we are
And nothing else matters
Never cared for what they do
Never cared for what they know
But I know
Never opened myself this way
Life is ours, we live it our way
All these words I don't just say
And nothing else matters
Trust I seek and I find in you
Every day for us something new
Open mind for a different view
And nothing else matters
Never cared for what they say
Never cared for games they play
Never cared for what they do
Never cared for what they know
And I know
So close no matter how far
Couldn't be much more from the heart
Forever trusting who we are
No nothing else matters!!!
Cx/'
Posted by Wayfarer at 2:14 da tarde 1 relatos
segunda-feira, maio 26, 2008
Yesterday,
all my troubles seemed so far away
Now it looks as though they're here to stay
Oh I believe in yesterday.
Suddenly,
I'm not half the man I used to be
There's a shadow hanging over me
Oh yesterday came suddenly...
Posted by Wayfarer at 3:05 da tarde 1 relatos
domingo, maio 11, 2008
Posted by Wayfarer at 9:58 da tarde 0 relatos
Olha, e se pudéssemos ir buscar um cantinho do passado para ver como era agora? Assim só para amanhã ficar tudo na mesma. Será que o “azul-escuro” sabe diferente agora? Pelo menos a libertação cheira…
A incerteza causada pelas minhas próprias decisões não me deixa fazer aquilo que mais me faz sentir livre: jogar com as palavras hábeis, sorrisos manipuladores e regras só feitas por mim. O tempo passa, os jogadores mudam e eu vou-me sentindo intermitentemente preenchida até lançar de novo os dados.
Pela certeza de poder sentir tudo sem ter que acabar o jogo antes, prendi-me no caminho. Estou entrelaçada a ver a vida passar à minha volta. Para sair daqui e ver como é lá fora tinha que cortar as teias e uma vez que isso aconteça, não há retorno…
Ainda há uns dias chamava a isto a forma suprema de liberdade, por poder seu eu em qualquer ocasião. Pois bem, agora tocou a saudade do eu que fui.
A que saberá agora?
Posted by Wayfarer at 9:27 da tarde 0 relatos
sábado, abril 26, 2008
Subitamente apercebo-me da primeira certeza de verdadeiro bem-estar nos últimos tempos. Agora sei que deixei os pendentes em casa antes de me permitir duas horas de praia. A má notícia, é que já voltei.
Posted by Wayfarer at 8:32 da tarde 1 relatos
segunda-feira, março 24, 2008
sábado, março 22, 2008
Outono
Hoje, só por ser Outono, vou chamar-te "meu amor"
Contra as regras do que somos, vou chamar-te "meu amor"
Hoje só por ser diferente te encontrar
É tanto o fado contra nós
Mas nem por isso estamos sós
E embora fique tanto por contar
Hoje, só por ser Outono, vou...
Entre dentes, entre a fuga, vou chamar-te "meu amor"
Enquanto não se encontra forma, vou chamar-te "meu amor"
Entre gente que é demais e tão pequena para saber
Que é tanto vento a favor
Mas tão pouco o espaço para a dor
Só pode ficar tudo por contar...
Hoje, só por ser Outono, vou...
E há flores e há cores e há folhas no chão
que podem não voltar...
podes não voltar.
Mas é eterno em nós
e não vai sair...
Desce o tempo e a noite vem lembrar que as tuas mãos
também
já não são de nós para ficar
Por ser tanto quanto somos
Certo quando vemos
Calmo quando queremos
Hoje, só por ser Outono, vou...
Tiago Bettencourt
Cx/'
Posted by Wayfarer at 11:57 da manhã 0 relatos
sexta-feira, março 21, 2008
É possível vislumbrar um futuro para o qual não vejo o caminho, mas sei que não é este. As palavras perdem-se no abraço rápido do tempo e não deixam revelar o que grita em silêncio nesta apatia. Sinto-me a remar sem exercer força contra a água na falsa crença de chegar a algum lugar.
A noite é mar de mudança, mas ultimamente tem sido como um lago que gelou. Posso continuar a patinar suavemente sobre a sua superfície fria e brilhante durante muito tempo. Mas sei que o meu “eu” verdadeiro deveria estar a dançar e estilhaçar o manto branco, deixar a água correr em rápidos e inundar as margens para regar as flores que crescem na Primavera. Eu deveria estar a fazer ondas, ondas de mudança.
Estagnada na espera, a sufocar no “tem que ser”, movo-me devagar pela noite desejando que o tempo passe, mas que seja leve e que traga aquela calma com entusiasmo e vontade de transformar. Um dia, talvez…
Posted by Wayfarer at 10:10 da tarde 0 relatos
sexta-feira, fevereiro 22, 2008
Love Me Like The World Is Ending
Há dias que não criava uma playlist que realmente me apetecesse ouvir... nada de novo, apenas as mesmas excelentes canções ouvidas até à exaustão. Hoje encontro no novo álbum do Ben, uma lufada de ar fresco!
Longe de pertencer à lista das favoritas, aqui fica esta, como uma marca que me lembra que "depois do enfado, vem a frescura" :P
Beijinhos a vocês que continuam a passar aqui em vão à procura de algo para ler.
Cx/' boa viagem :P *
Posted by Wayfarer at 10:36 da tarde 1 relatos
domingo, fevereiro 17, 2008
Posted by Wayfarer at 8:12 da tarde 3 relatos
segunda-feira, janeiro 14, 2008
I found some kind of Fairytale
Porque apesar de ser tarde na noite, apetece-me correr pela Rua Augusta e sentir-me apaixonada, nem que seja "só" pela vida...
Posted by Wayfarer at 10:15 da tarde 2 relatos
domingo, janeiro 13, 2008
quinta-feira, janeiro 03, 2008
terça-feira, janeiro 01, 2008
Já falei disto várias vezes, a transição, o ponto de viragem que nos permite mudar-nos a nós e à nossa vida, pode acontecer quando o entendermos. Este ano, por questões pragmáticas e de preparação para a coisa, escolhi o “Revelhão”. Pinhões em vez de passas, espumante de frutos silvestres em vez do tradicional champanhe, vermelho e preto em vez de azul.
Este será um ano necessariamente diferente a achei por bem preparar-me para ele. Quanto mais não seja, porque o mundo do trabalho vem aí! Para este ano quero, preciso de locus de controlo o mais interno possível, de Ema de vez em quando, Shutterbabe e/ou Wayfarer na maior parte do tempo, nunca esquecendo a querida Ema… Para isso basta um esforço constante para meter a Ashimbar nos confins do passado. As acções, por mais simples, foram escolhidas por forma a me lembrar disso e até me chegou um grito enorme aos tímpanos logo depois das 12 (saudades da tua originalidade imprevista!).
A Resolução está escrita, as marcas foram deixadas…. Estarei aqui em 2009 para dizer que consegui e valeu a pena?
Posted by Wayfarer at 5:50 da tarde 1 relatos
primeira música de 2008...
"I wish that I could sit in the sun"
Posted by Wayfarer at 5:49 da tarde 0 relatos
segunda-feira, dezembro 17, 2007
Crashing Down
These back steps are steeper to the ground
The brightest stars are falling down
I’m walking the edge, walking the tightest rope
We can be frank, reality rips on through, rolling like a hurricane
I’m over the bridge and under the rain
If everything’s falling, if everything’s changed
If I’m in the open, if I’m in the way
What am I doing here
If you’re not with me
What have I got to live for, if it’s just my own dream....
Mat Kearney
Posted by Wayfarer at 9:49 da tarde 0 relatos
segunda-feira, dezembro 10, 2007
- Como estás tu?
- No meio! Precisamente a meio de tudo quando quero ter, fazer ou ser na vida. Hoje, nem as pequenas vitórias quotidianas me dão alento. Nada pode ser atingido já! Qualquer coisa que possa começar, com mais ou menos entusiasmo, só terá o seu culminar daqui a muito, muito tempo, com sorte e se o enfado não levar a melhor.
Posso continuar a ler artigos para tese, a reunir os artigos para o “artigo”, posso escrever mais uma carta, posso ir pensando nos objectivos/estatutos/formalizações de um dos muitos projectos profissionais que não passam disso, posso ir tirando mais umas fotos com todas as limitações materiais associadas, posso praticamente começar e continuar muitas coisas. Mas isso deixa-me exactamente no mesmo lugar: a meio. Eu sou um projecto de tudo e mais alguma coisa. E um projecto por si só não chega a lado nenhum! (E só na ultima frase já cometi dois erros de comunicação! Bolas, nem isso consigo evitar)
Para quando a concretização? Isto do hábito e da estabilidade não são muito o meu género! Nem sequer é saudável! Venha o elemento estranho ao sistema que ajuda a provocar a crise e cria mudança e equilibração! (Bolas que até o locus de controlo se externalizou) Então, o que posso eu fazer quando a isto? Continuar nos meus passinhos pequeninos esperando que os factores se conjuguem? Apanhar uma intoxicação alcoólica? Ah, sounds great! Parece que a Ema vai voltar, a excepção, mais ou menos induzida, à mediania! I can’t wait to feel free!
Posted by Wayfarer at 9:13 da tarde 2 relatos
quarta-feira, novembro 28, 2007
Eu: (explico sucintamente a resolução da coisa)
Ele: Ah, ok! Então está tudo!
Trrriiimmm
Ele: espera só um bocadinho… (atende) sim, sim, já falei disso com a Dra. Ana, Sim, Sim, já sei, Sim… Sim. Está combinado. Sim, Sim, Siiiim! [será que me falta algum anuir em tom de frete?]
Eu: Então, elas estavam a complicar?
Ele: Mulheres, sabes como é!
I Love it! Nós os homens somos mesmo pragmáticos! :P
PS: É verdade, homem mas não completo… Falhei o jogo de hoje do Benfica (será?)
Posted by Wayfarer at 10:41 da tarde 0 relatos
quinta-feira, novembro 22, 2007
Fizeram um pedido ao nosso centro de documentação, um livro de auto-ajuda, “que fale daquelas coisas que nós podemos atrair”… Dado o contexto achei importante clarificar que esse não é o âmbito da psicologia, comentário, ao que parece, surpreendente e chocante. Chego ainda a acreditar que a fnac tem uma parte na culpa, ao incluir na secção das ciências sociais e humanas, livros com flores coloridas com títulos tão apelativos como: “Seja feliz em 10 lições!”. Mencionámos superficialmente títulos com a palavra Optimismo mas devem ter soado a “demasiado trabalho!”. Anyway, também não é na nossa responsabilidade fazer aconselhamentos literários.
Durante a caminhada nocturna que me levava, apressada, para os transportes públicos que não esperam pelos lentos, recuperei o tema da necessidade de mistificar. Ora, toda esta nova vaga de “atracções” que se ouvem por aí, são actualmente da responsabilidade da Rhonda Byrne e do seu “Segredo”, que afinal não é mais do que um plágio de tudo o que já se disse na Profecia Celestina (James Redfield), livros sobre Reiki e outras abordagens milenares do mundo em termos de Energia universal da Vida. Até já Richard Bach o tinha feito no Ilusões ao “magnetizar” uma pena azul!
Depois da descodificação do Código da Vinci, achei que não podia adiar mais A Desmistificação do Segredo!
As pessoas precisam de envolver sempre em algo de muito místico, oculto, divino, superior, aquilo que fazem, sozinhas, através de mecanismos muito mais simples!! O problema aqui é que isto é muito difícil de aceitar… Acreditar que uma coisa depende de mim pesa muito mais na responsabilidade, na consciência, nas consequências, do que a crença de que há alguém, alguma coisa, a trabalhar por mim. Se não conseguir então a culpa não foi minha, não era eu que estava a mudar…. Segundo o “Segredo” só temos que acreditar, pensar várias vezes no resultado, e não precisamos de fazer absolutamente mais nada! Parece fácil! Se calhar até é só isso que temos que fazer, outras vezes há mais alguma acção da nossa parte…. Vejamos…
O Segredo falada de casos de recuperação de “doenças crónicas, depressões”, traumas físicos, doenças cancerígenas, etc… Ora, nem sei de deva explicar como OBVIAMENTE uma pessoa só pode recuperar de uma depressão se acreditar que pode viver feliz! O grande problema da depressão são os pensamentos cada vez mais negativos! Parece-me lógica esta mudança! Aliás, o que faço neste momento em terapia é exactamente “positivizar” as pessoas, salientar aquilo que já fazem bem, aquilo que já têm de bom enquanto pessoas e o que podem ainda melhorar! Claro, claro, que os terapeutas também são uma espécie de divindades mágicas para algumas pessoas… Mas no fundo, é tão simples quanto “focar no positivo”. Quanto às outras doenças, também é sabido que o optimismo é uma grande arma na recuperação, até no cancro, caso em que se costuma dizer “é metade do tratamento”! “Segredo”? Não estou a ver nenhum!
O livro dá ainda como adquiridas algumas instâncias que os investigadores ainda não confirmaram ter existido como os Jardins Suspensos da Babilónia… No entanto, isso não tem qualquer gravidade se tivermos em conta o numero de “cientificamente comprovado” que mostra logo que todos estes pseudo-cientistas não passam disso mesmo e que a autora não sabe sequer a definição de “ciência”… É que esta instituição deixava de o ser se houvesse comprovações!!! A primeira característica da ciência é estar em constante actualização!! Das primeiras cosias que se aprendem em cadeiras de epistemologia é que é estritamente proibido usar a palavra “provado” ou “comprovado”! Diz-se “evidências” ou “os resultados apontam para”… Há sempre uma janela aberta para a influência de outras variáveis, outros contextos, outros estudos que podem vir a mostrar coisas diferentes, ou mesmo o contrário. Em ciência não há verdades absolutas! Essas deixamo-las para as pessoas que já não tencionam evoluir mais e que gostam de viver seguramente enganadas! “Em ciência a verdade é provisória e a certeza probabilística!” (Duarte, desde sempre) (Ah, nota mental, quando se apresentam estudos, em “Ciência”, inclui-se a referência, senão é considerado plágio, além de que ataca uma característica funcamental desta coisa que apregoam constar no vosso livro e que é o facto de ser “verosímil e verificável”! Ou seja, a comunidade tem o DEVER de conhecer e ler o estudo referenciado, replicá-lo e chegar aos mesmos resultados, senão, estamos perante fraude, o que depois do plágio, é algo de gravemente punível!)
Não resisto em apresentar a grande “prova” destes senhores… Segundo Bob Proctor “o universo inteiro emergiu do pensamento!!!” UUUHH E eu pergunto-me “pensamento de QUEM se ainda não havia universo??” hummm, amigos, acho que faltam aqui alguns argumentos pelo meio….
O livro tem ainda uma boa lição sobre como positivar… realmente pensar nas coisas más leva a ver-nos coisas más e pensar no que não queremos não conduz a um objectivo efectivamente…. “Segredo”? Onde, onde? É preciso de falar de “atracção” e electrões pelo meio? Parece-me que não!
Sobre a atracção, gostava ainda de dar um exemplo do “nosso” livro:
“É por isso que as pessoas entram numa espiral quando entalam o dedo do pé ao sair da cama. O dia inteiro corre da mesma maneira.” O célebre “isto hoje não vai correr bem!!”
Por outro lado:
“Se começar com um dia bom e estiver num estado de espírito particularmente feliz e se não deixar que nada altere o seu humor, continuará a atrair, pela lei da atracção, mais situações e pessoas que sustentam esse sentimento feliz!”
Isto em ciência (relembro, aquilo que onde livro apregoa basear-se) chama-se expectativa ou Self-fulfilling Prophecies (ver por exemplo o trabalho de Robert K. Menton). Estudos muito simples, sobre as expectativas de professores em relação aos alunos e respectivos resultados, mostram que aquilo que esperam influência a forma como investem na sala de aula (com um simples, questionar, chamar ao quadro, castigar, elogiar) e, consequentemente os resultados. Um “bom aluno” será sempre um bom aluno enquanto um professor acreditar que sim, e o contrário (e mais frequente) acontece da mesma forma. E aqui chegamos ao ponto fulcral da questão… Quando acreditam que é possível, as pessoas MOVEM ESFORÇOS para esse objectivo, ainda que muitas vezes não se dêem conta… Perceber que o esforço depende delas é desmotivante quando devia ser visto como um bilhete rumo à liberdade, ao não precisar de entidades superiores ou instâncias energéticas para alcançar objectivos… No entanto, dada a procura sequisosa do ser humano por tudo quanto é místico, as pessoas acabam sempre por incluir mediadores fantasiados só pelo medo de admitir que têm a responsabilidade de tomar as rédeas das suas vidas… Este é o grande Segredo, a verdade que a humanidade anda a camuflar há milénios ao refugiar-se em religiões e divindades… O Ser humano tem poder e ter medo de o usar deliberadamente!
É claro que este meu texto dá mais trabalho a ler do que um livro cheio de tópicos e bonequinhos. Claro que as minhas assustadoras palavras, são-no, porque devolvem ao homem o comando das suas vidas e da sua Felicidade… Claro que é mais fácil acreditar que há uma “lei de atracção” a trabalhar POR nós…
Só gostava de poder escrever isto com mais evidências Científicas e com mais calma e ponderação… Da próxima vez que olharem para o "Segredo" (que não o-é) e para aquilo que “ele fez” por vós, SAIBAM conscientemente que foram VOCÊS que engrenaram essa mudança, com as vossas próprias forças, recursos, com a ajuda de pessoas significativas, com as vossas expectativas como motor! Saibam que a única coisa que actuou sobre vós foi talvez uma self-fulfilling prophecie que Vocês activaram ao acreditar ser possível…
Posted by Wayfarer at 11:10 da manhã 2 relatos
sexta-feira, novembro 16, 2007
Today's lesson from Grey:
"No matter how badly a thing is hurting us,
Sometimes, letting it go hurts even more."
Posted by Wayfarer at 10:00 da tarde 1 relatos
segunda-feira, novembro 12, 2007
domingo, novembro 11, 2007
Falta-me um sentido, um tacto
para a vida, para o amor, para a glória...
Para que serve qualquer história,
ou qualquer facto?
Estou só, só como ninguém ainda esteve,
oco dentro de mim, sem depois nem antes.
Parece que passam sem ver-me os instantes,
mas passam sem que o seu passo seja leve.
Começo a ler, mas cansa-me o que inda não li.
Quero pensar, mas dói-me o que irei concluir.
O sonho pesa-me antes de o ter. Sentir
é tudo uma coisa como qualquer coisa que já vi.
(...)
Álvaro de Campos
Posted by Wayfarer at 10:22 da tarde 2 relatos
sábado, novembro 10, 2007
O que fazer quando já nada é coerente num dado momento? Quando não se consegue levar uma decisão até ao fim?
Posted by Wayfarer at 10:22 da tarde 2 relatos
sábado, outubro 27, 2007
Posted by Wayfarer at 10:21 da tarde 2 relatos
domingo, outubro 21, 2007
Já consegui resolver questões pendentes, estou a empurrar pessoas para que agarrem as rédeas das suas vidas e com resultados, estou a dar o meu melhor naquilo que gosto, tenho conseguido fotografar, borga já não é uma raridade tão grande e consigo dar atenção a mais pessoas do que o habitual! Weeeeeeee!
Claro que esta hiper-estimulação me está a tirar o sono, mas ando contente, who cares!? :P
Happyyyyyyy!!
Why? We exist!!! What else could I ask for?
Posted by Wayfarer at 7:30 da tarde 2 relatos
domingo, outubro 14, 2007
Numa conversa demorada, em pequenos momentos que juntos se tornam grandes, na troca de acções que caracteriza o processo de Conhecer, articulamo-nos com uma forma diferente de ser, protagonizada pelo outro e, actualizamo-nos.
A pessoa que temos à frente apresenta-nos um desafio a cada gesto, a casa ideal, a cada olhar. Somos obrigados a concordar, discordar, compactuar, sorrir de volta, a responder com o nosso comportamento, como a nossa pessoa, ao que o outro nos apresenta. Facilmente se trava uma dança de passos e saberes que é única porque só é possível naquela díade. Aceitar o desafio de conhecer alguém enriquece porque nos faz ser mais arrojados ou mais comedidos, mais filosóficos ou mais pragmáticos. Em termos de conteúdo o upgrade nota-se ainda mais! Não posso deixar de aprender com alguém que me fala de cinema, de poesia, de mecânica, de tampas de esgoto, de facas de cozinha, de rolhas de cortiça, nem posso deixar de investir nessa aprendizagem se quiser continuar a comunicar com estes “especialistas”.
Se uma pessoa me faz correr pela Baixa de chapéu de chuva em riste para a molhar e se me faz jogar às escondidas no metro para fugir da mesma ameaça, então estou a redescobrir-me, a actualizar-me nessa relação.
E assim, mais uma vez, fica a frase do Professor Pina Prata, que (também ela) se vai actualizando à medida que consigo ir sendo, cada vez mais….
“Vai-se sendo pessoa num contexto de relações.”
Posted by Wayfarer at 11:23 da tarde 2 relatos
domingo, outubro 07, 2007
Quando chegou à porta retirou o casaco e dobrou-o. De repente, e de forma inesperada, prostrou-se de joelhos e começou a fazer, no solo empoeirado, movimentos em semi-circulo com a palma da mão direita. Passaram-se alguns minutos sem que ninguém aparecesse. De repente, surgiu um dos habitantes da aldeia que vivia do outro lado da rua. Espantado de ver o homem naqueles preparos, encaminhou-se rapidamente na sua direcção.
- João! – chamou o vizinho, perguntando: - Passa-se alguma coisa?
O bom homem olhou para cima surpreendido e respondeu: - Meu filho, penso que perdi as minhas chaves.
- Perdeu as suas chaves? Não se preocupe que nós vamos ajudá-lo a encontrá-las – Disse o vizinho.
Não havia passado muito tempo e quase toda a aldeia estava de gatas tentando encontrar as chaves perdidas, percorrendo todos os centímetros de chão e arbustos que rodeavam a casa do João.
- João – perguntou o outro vizinho – tem a certeza que perdeu as chaves?
- Claro, meu filho, tenho a certeza – respondeu o homem.
- Bom – disse o vizinho. – E tem a certeza de que as perdeu aqui?
O homem ficou em silêncio, olhando para o caminho. Em seguida disse:
- Não, eu não as perdi aqui – e apontando para a vereda escura que levava á igreja, disse: - Eu perdia-as ali.
- Perdeu-as lá atrás no caminho? – perguntou um vizinho surpreendido. – Então desculpe-me João, mas porque procura as chaves aqui.
O João levantou-se, sorriu pacientemente, e apontando para a luz da porta da sua casa disse:
- Porque aqui há mais luz, meu filho!”
(In Educar para o Optimismo, Helena Águeda Marujo, Luís Miguel Neto e Maria de Fátima Perloiro)
Quantas e quantas vezes procuramos respostas onde sabemos que elas não estão?
Quantas e quantas vezes permanecemos sem chaves numa luta perdida, apenas por medo de abandonar o conhecido, o confortável, o “iluminado”?
Quantas vezes nos permitimos viver pela metade apenas com medo de avançar para o desconhecido?
Posted by Wayfarer at 10:40 da tarde 3 relatos
sexta-feira, outubro 05, 2007
Abro a janela e esqueço mais uma vez.
“Há uma lei da natureza, mística e maravilhosa, que diz que três das coisas pelas quais mais ansiamos na vida – felicidade, liberdade e paz de espírito – são alcançadas quando as damos a outra pessoa.”
(Autor Desconhecido, Infelizmente)
(*) Referência à Amígdala, essa sim o centro das emoções e não (como insistem em dizer as pessoas ditas “apaixonadas” que ainda por cima acham que os outros são incapazes de sentir o """""mesmo"""") o coração, “mero” órgão bombeador de sangue.
Posted by Wayfarer at 9:40 da tarde 1 relatos
domingo, setembro 30, 2007
Usas o palco como extensão de ti. Cantas, gritas, palmilhas aquele chão de madeira, encarnando alguém que não és tu mas que vem de ti, alguém que “ajudas a ser”. E quando aquele quadrado mágico de chão não chega, vives a vida real como uma peça de teatro, exacerbando os sentimentos, rebuscando os gestos, tocando naqueles que têm a sorte de ver passar nas suas vidas. Sem medo de rir, chorar ou defender com convicção tudo o que pensas, interpretas o papel daquilo que és, uma personagem rica e complexa, no palco da vida. Levas em ti o sonho e aqueles que contigo o partilharam. Guardas as memórias de papel e os momentos vividos no passado fantasiando com a possibilidade de te realizares no futuro.
Naquela linha ténue entre o teu palco e o meu cenário, partilhamos artes, palavras e memórias. Levamos connosco o sonho e lamentamos os que não o têm. Fazes-me rir e pões-me a chorar, com meras conversas ou com abraços apertados que do simples trazem o que de mais profundo há em nós.
És grande e sabes que não te queres habituar, embora a vida te obrigue a isso. Reinventas-te nos teus numerosos papéis e és cada vez mais.
Sê o que quiseres….
Até que um dia o pano caia.
Posted by Wayfarer at 8:37 da tarde 4 relatos
sexta-feira, setembro 28, 2007
"Um dia ponho a mochila às costas e vou conhecer o mundo. Hoje é o dia."
O dito pacote continua colado no meu painel, e olho para eles todos os dias, esperando pelo momento de o tornar real.
keep on pretending...
Posted by Wayfarer at 10:41 da tarde 1 relatos
quarta-feira, setembro 26, 2007
Posted by Wayfarer at 7:14 da tarde 0 relatos
segunda-feira, setembro 24, 2007
Posted by Wayfarer at 10:12 da tarde 0 relatos
domingo, setembro 23, 2007
Não posso simplesmente sentar-me à mesa com as pessoas e despejar os meus pensamentos incongruentes, dispersos, contaminados. Preciso de me encontrar no caos, de me preparar para abdicar se tiver que ser, preciso de dar-me a um rumo.
Enquanto isso não acontece, vou continuando a passear-me na Baixa da vida, por entre edifícios e multidões, de cabeça erguida e passos firmes, pretending…
Posted by Wayfarer at 8:22 da tarde 3 relatos
sexta-feira, setembro 21, 2007
Tatuagens
Em cada gesto perdido
Tu és igual a mim
Em cada ferida que sara
Escondida do mundo
Eu sou igual a ti
Fazes pinturas de guerra
Que eu não sei apagar
Pintas o sol da cor da terra
E a lua da cor do mar
Em cada grito da alma
Eu sou igual a ti
De cada vez que um olhar
Te alucina e te prende
Tu és igual a mim
Fazes pinturas de sonhos
Pintas o sol na minha mão
E és mistura de vento e lama
Entre os luares perdidos no chão
Em cada noite sem rumo
Tu és igual a mim
De cada vez que procuro
Preciso um abrigo
Eu sou igual a ti
Faço pinturas de guerra
Que eu não sei apagar
E pinto a lua da cor da terra
E o sol da cor do mar
Em cada grito afundado
Eu sou igual a ti
De cada vez que a tremura
Desata o desejo
Tu és igual a mim
Faço pinturas de sonhos
E pinto a lua na tua mão
Misturo o vento e a lama
Piso os luares perdidos no chão
Mafalda Veiga
E hoje podia ser "um pouco de céu" mas o que para sempre ficará tatuado em mim prevalece e não o consigo apagar.
Posted by Wayfarer at 2:08 da manhã 4 relatos
segunda-feira, setembro 17, 2007
- a minha vida é cheia de parênteses
Pois… Quando o espaço-tempo a que chamamos “realidade” não nos permite fazer tudo o que queremos simultaneamente, nós abrimos parênteses! É que uma vez colocados, não afectam a estrutura sintáctica do parágrafo e portanto, são clandestinos, ilegais, reprováveis até.
Este carácter paralelo e não-oficial ajuda-me a ser mais um bocadinho daquilo que quero ser, salvo, claro quando se revestem de futilidade e não têm qualquer outro fruto que não o prazer do imediato.
Entre () vou sendo cada vez mais. Entre () tudo o que não é contemplado pelas possibilidades politicamente correctas, passa incólume. Os () ampliam possibilidades, por vezes incompatíveis, na minha vida. Os () normalmente não pedem satisfações.
Posted by Wayfarer at 10:44 da tarde 0 relatos
A liberdade bate à minha porta,
tão carente de mim, pedindo abrigo.
Quero ampará-la e penso que consigo
detê-la, mas seria tê-la morta.
Livre para pairar num céu sem peias,
na solidão de um vôo sem destino,
por que perder, nos olhos de águia, o tino,
vindo a quem se agrilhoa sem cadeias?
Deusa das asas! Seu vagar escapa
a meus sentidos, seu desejo alcança
tudo que a mim se esconde atrás da capa.
Vá embora daqui! Siga seu rumo!
Sou prisioneiro, um órfão da esperança
e arrasto um vôo cego em chão sem prumo.
Luís António Cajazeira Ramos
baaaaaah :S
Posted by Wayfarer at 9:13 da tarde 0 relatos
sábado, setembro 15, 2007
Posted by Wayfarer at 9:58 da tarde 2 relatos
Um só momento e fico presa a ti
A tua pele conta uma história que não é a minha
Mas a tua química pertence-me
As tuas mãos no meu corpo
E a minha boca na tua
O teu sabor é o meu
A tua língua tem o meu gosto
A minha boca sabe à tua boca.
O teu corpo conta a minha história
As rugas dos teus olhos não me denunciam
As minhas pertencem-te…
Não são já mãos que acariciam
São corpos que se fundem
A mesma química
Os mesmos iões
A minha pele na tua
E sinto-te como meu
A tua língua tem o meu gosto
A tua boca sabe à minha boca.
Sei que a nobreza que te cobre a pele
Tapa apenas a pessoa em que te queres tornar.
Colas os teus olhos na minha alma.
Sei que a quietude que te caracteriza
Esconde só a liberdade que tanto desejas.
De almas coladas dançamos já sem ouvir a música,
Na sintonia que cronos nos ofereceu
E que agarrámos com fervor.
As nossas mãos tocam-se e abalamos o mundo
Numa tontura que me faz querer fechar os olhos,
Só para não me perder em cores desnecessárias,
Mas o teu olhar sempre vem em busca do meu
Para não o poder de vista.
A multidão aplaude e acorda a nossa dança.
Largamos os nossos olhos
E apertamos com força as mãos,
O meu corpo pede o teu
E a distância não nos dissuade.
Nesse momento a minha alma ainda sabe
Que qualquer lugar será nosso
Se o este olhar nunca se perder.
Posted by Wayfarer at 9:10 da tarde 2 relatos
sexta-feira, setembro 14, 2007
Fogo e Noite
Saudades de ver o barbas a partir o palco e a saltar no meio do público... Volteeemm!!
Posted by Wayfarer at 9:19 da tarde 1 relatos
A liberdade de fazer tudo o que me apetece é das coisas mais importantes na minha vida e no entanto, deparo-me com uma catadupa de consequências que não sei bem como enfrentar… Basicamente, há demasiada informação por processar e quando isso acontece, fugir é o único escape… Ser assertiva, claro, fria, por vezes, mas depois pisgar-me a correr com medo de sufocar com tanta informação e com a possibilidade de ficar presa em algo que me vai fazer abdicar de outras pessoas…
Perceber o que estou a sentir seria um bom trabalho, mas as sensações misturam-se e já não as sei catalogar. Uma coisa é certa, sei aquilo que consigo ser quando estou completa. Poucos momentos roubados ao tempo chegaram para tal. E neste momento não é isso que eu sinto. E neste momento, qualquer coisa mais pequena não chega. Simplesmente não é suficiente.
Saber que as minhas acções têm efeitos nos outros é um peso terrível….
“És eternamente responsável por aquilo que cativas!” já dizia o Saint-Exupèry…
Já me bastam as novas responsabilidades (oficiais) pelas vidas dos outros. Vou fazer greve de cativações… Tenho uma fuga à vista, como nos bons velhos tempos… E de novo a sensação de não levar nada até ao fim. É o que acontece quando as fasquias sobem… Mas não trocava aquela sensação de SABER, aquele click intergaláctico, aquele mundo surreal, por nenhuma certeza-cega neste momento. (Ai Lud, tinhas uma metáfora-que-não-é-metáfora-porque-é-mesmo-físico tão boa para isto!)
Devíamos ser como no Um e poder ter vidas paralelas para ver onde nos levava cada uma das nossas escolhas… O que poderei estar a perder?
Bem, a liberdade pertence-me, acho que preciso de tempo e de iluminação para decidir o que fazer… Desta vez a vodka seria, decididamente, uma má solução! (oh não, já nem vodka me salva!!)
Baaah, não tenho tempo para isto! E porque é que as pessoas precisam de tantas explicações anyway?! E porque é que continuo a querer ser responsável quando acho que sou livre? Alguém aqui anda muito equivocada... Serei eu? :S
Posted by Wayfarer at 8:53 da tarde 1 relatos
quinta-feira, setembro 13, 2007
Por mais que a preocupação e a distância se esforcem, sinto-te aqui. Os lugares onde vou, as conversas das pessoas sentadas à minha frente no comboio, as frases que leio, as músicas que ouço, tudo o que me tem feito sorrir e desesperar, estão cheios de lembranças de ti. Deixas-te o quotidiano, mas eu vivo-o por ti, ansiando pelas histórias que vais trazer. O que te fez sentir a cidade azul e branca? E a areia cor de açafrão? Sempre conseguiste ir à cascata? Os “buraquinhos” têm tintas malcheirosas ou é apenas mito? Tenho tanto para ouvir e tanto para te contar que nos arriscamos a outra conversa de surdos como no dia das caixas, antes de partires. Mas não quero perder nem um segundo dos teus relatos! Espero que te encontres ao encontrares mais um “bocadinho do mundo”.
Aqui o tempo não parou e é tão mais fácil quando posso ouvir a tua voz.
Posted by Wayfarer at 8:40 da tarde 1 relatos
segunda-feira, setembro 10, 2007
O estágio já começou, meio dissimulado, meio formalizado, e cá estou eu espantada com a catadupa de desafios com que me deparo. “Mas eu não me sinto preparada!!” “Nem nunca se vai sentir”. Talvez. A verdade é que consigo ser eu em cada uma das pequeninas coisas que faço. Sinto que está ali alguém que confia e acredita e que deixa voar…. Era disso que estava a precisar.
E hoje, ironia do destino, recebemos o primeiro caso: tentativa de suicídio. Afinal não fugi assim tanto da minha paixão pseudo-intelectual. O medo está cá, mas a curiosidade (e a cuidadosidade) hão-de superá-lo.
Posted by Wayfarer at 9:16 da tarde 5 relatos
quinta-feira, setembro 06, 2007
Conclusão da semana: os fotógrafos não podem ter filhos.
Nem sequer é bem não poder, é mesmo não dar jeito nenhum! A possibilidade existe e é real, mas se houver princípios de educação e acompanhamento do desenvolvimento dos catraios que impeçam o depósito, sistemático e prolongado, em casa de avós, tios, padrinhos, amas, colégios internos, torna-se praticamente impossível. Já nem falando das saídas do país que a coisa exige e o bichinho pede, qual alma errante em busca do aperfeiçoamento do olhar.
A experiência da última semana diz-me que biberões, fraldas, sonos, papas, choros e fichas de electricidade são altamente incompatíveis deambulações fotográficas, saídas em hora mágica e deslocações a lugares menos seguros. Aqui a “possibilidade” entra na eventualidade de se encontrar um cônjuge caseirinho e pouco fotográfico (que seria uma grande seca), o que no meu caso seria complicado, já que ele não teria os atributos maternais que alimentam os piquenos.
Eu gosto de ser prima, é verdade! É bom poder brincar com as miúdas e agarrar nelas para as devolver aos pais quando estão a chorar. Devo dizer também que dão óptimos modelos! No entanto, na última semana, abandonei as minhas funções em prol da fotografia e quase não dei conta. É uma incompatibilidade de prioridades muito grande. E isto lembra-me uma cena do Before Sunset (como não podia deixar de ser) em que a Celine diz que o seu namorado fotojornalista (que é um bacano porque nunca está em casa) fotografa pessoas aflitas antes de as ajudar. E eu compreendo isso. A busca do olhar é tão forte que acaba por nos separar de tudo o resto. A necessidade de captar a essência do momento implica fazê-lo durar, pelo menos enquanto não dermos o nosso melhor click. Observadores absorventes com apenas um olhar presente no mundo. Tudo o resto deixa de existir. O “momento decisivo” é a prioridade e a entrega é total.
Esta brilhante conclusão entronca com as dúvidas dos últimos tempos, acerca do será-que-estou-no-curso-certo? Ó dúvida cruel… Oh asas cortadas e futuro incerto…
Posted by Wayfarer at 8:53 da tarde 3 relatos
terça-feira, setembro 04, 2007
Familias
É bom irmos sabendo, de quando em quando, que certas pessoas e famílias, que passaram na nossa vida, continuam a lutar pelos seus sonhos. O tempo e a distância podem tentar afastar-nos mas momentos como estes confirmam que valeu a pena conhecer tão interessantes pessoas.
keep on dreaming!
Posted by Wayfarer at 1:40 da tarde 0 relatos
quinta-feira, agosto 23, 2007
Tem vindo a ser um tema recorrente. Sinto que já não tenho uma vida inteira pela frente. Hoje, num daqueles acasos bons, encontro alguém que partilha o mesmo estado de espírito. “Os de 80 já são todos maiores de idade”. “Os miúdos não sabem o que são carrinhos de rolamentos nem walkman’s!”. Por outro lado sabem muito bem o que é uma playstation e dominam mais a informática do que os próprios pais. Não que ache isso mau, é apenas outra forma de aprender o mundo, ainda que muitas vezes seja mais solitária do que jogar às escondidas no jardim ou futebol no campo improvisado do nosso bairro. Nós também não brincámos ao peão. É apenas uma mudança de formato. Mas faz-nos sentir velhos, da “old school” como dizias.
Vemos os miúdos, de 13, 14 anos, em grandes concertos e férias sozinhos, coisa inimaginável no nosso tempo. Mas se por um lado se parecem mais adultos, pelas permissões, roupas, cigarros no dedo e copos de cerveja na mão, por outro lado talvez não tenham brincado o suficiente, nem aprendido o necessário sobre a vida, já que ainda estão em maturação e daí resultam os comportamentos irresponsáveis que quase parecem contraditórios com a liberdade que possuem.
Já passámos essa fase.
Alguns de nós deixaram a escola e estão agora casados e com filhos. Outros para lá caminham, sem nunca terem saído muito do mesmo meio e dos velhos hábitos. Poucos de nós seguiram a vida académica. E até essa está a acabar. Estamos a correr para o mundo do trabalho sem ter tido o tempo suficiente para viver os tempos do traje negro, deixamos de ter os horários flexíveis que nos permitiam fugir da rotina, deixamos de ver aquelas mesmas pessoas no bar, todos os dias… Pode parecer cliché mas é verdade, o tempo não volta atrás. E é isso que neste momento me causa uma espécie de nostalgia por tudo o que foi e uma revolta por tudo o que podia ter sido. Continuo a achar que não vivi o suficiente e já levo algum atraso nas andanças da vida. Olho para a frente e vejo um nine-to-five job (na melhor das hipóteses), contas para pagar e pessoas para cuidar.
Tens razão querido Diogo, estes podem ser os melhores tempos da nossa vida e podemos não conseguir viver tudo o que queremos agora. E sim, as pessoas têm muito medo de parecer crianças, mas é tão bom ir ao toys’r’us e brincar com tudo aquilo que não tínhamos na nossa infância!
Pareço uma velha a falar, eu sei e ainda não cheguei aos 30! Mas sinto, cada vez mais, o tempo escorrer-me através dos dedos sem conseguir fazer tudo o que quero com ele.
Serei talvez uma day dreamer com mais sonhos do que vidas.
Posted by Wayfarer at 10:16 da tarde 2 relatos
quarta-feira, agosto 22, 2007
domingo, agosto 19, 2007
Resignados nos seus últimos dias, recebem visitas que não podem dizer “as melhoras” ou “vai tudo correr bem!”. Encarno, de novo, o Homem Absurdo de Camus ou Raúl Brandão… O ridículo da morte…
Pensamentos que se cruzam com o meu caminho mental dos últimos dias…
Estas foram pessoas de luta e entrega… Viveram (desperdiçaram?) as suas vidas em nome de um ideal de sacrifício e privação, que os levaria um dia ao “Céu”. Dizem agora que isto é apenas uma passagem… De que vale existir durante 60, 70, 80 anos a esperar por algo que não se sabe se vem? Será que valeu a pena?
“Toda a gente fala no céu, mas quantos passaram no mundo sem ter olhado o céu na sua profunda, na sua temerosa realidade? O nome basta-nos para lidar com ele. Nenhum de nós repara no que está por detrás de cada sílaba: afundamos as almas em restos, em palavras, em cinzas.” (pp. 18)
A morte é absurda, mas mais ainda é existir e penar, no único minuto que temos entre o nada e o nada. A haver um Céu, seriam dele merecedores os conformistas, apáticos em esperas vãs, numa vida de causalidades atribuídas a entidades exteriores? A haver um Céu, quais seriam os critérios? Inertes ou lutadores?
“Que outra coisa fizeste na vida senão esperar a morte?” (pp.41)
“Então para que nasci? Para ver isto e nunca mais ver isto? Para adivinhar um sonho maior e nunca mais sonhar? Para pressentir o mistério e não desvendar o mistério?” (pp.41)
Antes, estas e outras palavras derrotistas e absurdas, retiradas do meu fiel Húmus, livro de cabeceira, ao qual faltam ler 10 páginas desde há 3, 4 anos, faziam-me todo o sentido. Com o tempo fui aprendendo a roubar vida a esta existência efémera e hoje não me consigo ver de outra forma. Agora eu deixei de ser Raúl Brandão para ser o Gabiru e acreditar no sonho.
Ultimamente tenho pensado (é mais um “sonhar acordado” do que outra coisa) na minha vida daqui a um ano. Emprego, independência financeira, finalmente um substrato para as minhas viagens, para a fotografia, para tudo o que hoje não posso fazer, apesar de até ter tempo. Yaris passaria a ser meu e não teria tantas limitações espaciais. Era mais uma vez a estrada a chamar-me. Mais uma vez a realidade acorda-me para me lembrar das células manhosas, das velhices, das incapacidades e da minha condição de “bombeira” solitária.
Hoje revolto-me por várias razões. Pelo absurdo da morte. Pelo absurdo da morte anunciada para quem não fez outra coisa na vida que não esperar o que vem depois da morte. Pelo absurdo da morte para quem ainda não acabou tudo o que queria fazer nesta vida. Revolto-me mais ainda por não ser a morte a única a levar-nos os sonhos. Não quero ficar parada. Não caibo nestas quatro paredes, preciso de partir… E quando mais me aproximo do cume da montanha das possibilidades, mais me puxam os pés em direcção ao vale.
“É tudo tão fugaz e tão breve”. Ouço e ouço e sei que tenho que arrancar madrugadas e gargalhadas mas não consigo acreditar que nem tudo o que nos ata nos pode prender… Tento, cada vez mais, lutar contra esta efemeridade e não fazer demasiados planos nem embarcar em princípios e promessas vazias. Naqueles breves segundos antes de tudo acabar, quero saber e sentir que agi sempre consoante aquilo que era verdade para mim. Talvez por isso as árvores hoje pareciam mais verdes e o rio mais brilhante. Estou farta de perder tempo em adiamentos!! Estou farta de viver na mediania em todos os sentidos (excepto talvez o intelectual que é onde ainda consigo ir mais longe)! Quero partir!! Será que algum dia terei a possibilidade de fazer aquilo que preciso para ser uma pessoa realizada? (Ou pelo menos mais perto da realização, para não estabelecer objectivos não plausíveis.). Sei o que quero, mas será que a vida sabe? E porque é que não me deixa? Antes contava os anos que me faltavam até angariar os fundos necessários. Agora já nem olhar para o calendário me conforta e sinto-me, cada vez mais, a sufocar.
Acima de tudo, quero viver para evitar a imagem que me ocorre constantemente: velhinha enrrugada, a definhar numa cama, ao lado de alguém que não foi O grande amor, a recordar as viagem que queria ter feito, as pessoas que gostava de ter conhecido, os trabalhos que gostava de ter tido, a pessoa que gostava de ter sido.
será?
Posted by Wayfarer at 10:11 da tarde 3 relatos
quinta-feira, agosto 16, 2007
I woke up from the strangest dream
Voltamos todos à falésia, numa caminhada em que me desprendo das conversas e me perco numa nova contemplação. O regresso à realidade faz-se num lanche entre arbustos e escarpas, em toalhas empoeiradas que servem de cama à sesta vespertina.
Perdidos em olhares, gargalhadas e muita, muita partilha, fugimos do mundo quotidiano das nossas, mais ou menos, preenchidas vidas. E como é bom acordar assim para dias totalmente feitos por nós e para nós, dias que só acabam no dia seguinte, tendo o pôr-do-sol a marcar o meio das horas.
Regresso e parece que o tempo não passou. Tudo aqui está na mesma. As saudades nossas são muitas. Valeu a pena.
Posted by Wayfarer at 6:45 da tarde 2 relatos