domingo, dezembro 31, 2006

Um ano a acabar e outro, novinho aí à porta...
É inevitavel fazer balanços nesta altura.. Perceber onde temos andado e para onde vamos... Claro que podemos parar em qualquer altura e pensar na vida e naquilo que queremos dela. Mas tomamos sempre os anos como referência, basta lembrarem-se dos vossos avós, quando contam histórias: "Foi no Verão de 1952..."

2007... E agora?! O que fazer com mais um ano?!
Que sítios visitar nesta jornada?!

Nas palavras de Novalis:

"Para onde caminhamos, afinal?
Sempre para casa."
Que a caminhada neste novo ano, vos leve para mais perto do lugar onde possam ser vocês, a vossa "casa".

quarta-feira, dezembro 27, 2006

Mais um Natal que passou...

Bem.. Nunca é só "mais um"... Cada Natal tem as suas particularidades... Tem aquelas pessoas e aqueles presentes...
Este Natal recebi um "registador de tempo", para marcar "momentos significativos", como me disseram... E lá vem ele.. O tempo.. esse que escasseia e não nos deixa fazer tudo quanto queremos...


O tempo é aquilo que nós fazemos com ele... E eu fiz um mocho!




domingo, dezembro 17, 2006


Não te conheço.


"Não é possível conhecer alguém que se ama, porque a relação de amor é a relação que mais distorce a realidade."


Não me conheceste.


Ilusões de uma realidade que nem sabemos se existe...
Amar é estar iludido... Quando as brumas decidem começar a afastar-se, e aquele sorriso que se amou, parece ridículo e despropositado, achamos que a ilusão se está a desvanecer. Afinal estamos apenas a entrar noutro estado de ilusão... Curiosamente, este parece-nos mais "Real"...

"É como se o amor estivesse decomposto em pequenos pormenores que, hipervalorizados, levam ao desamor."

Debatemo-nos por não entrar no país das fadas, onde o tempo se demora nas delícias da vida, por medo de voltar, meses, anos depois, sem dar conta. É que quando voltamos o mundo já mudou. As escolhas que pareciam tão certas, agora não fazem o minímo sentido... Perde-se quase tudo o que se dá. Como poderei eu ter gostado de alguém assim?! A resposta é simples... "porque sim!". E "o acaso dá para viver toda a vida acasalado". Curiosamente procuramos sempre os porques...

E lutamos para fugir dessas brumas que se aproximam, porque queremos apenas viver "na realidade"... Queremos aquela "ilusão" mais segura, que nos deixa usar a razão (oh, outra falésia de conclusões à posteriori)...
Interessante como a mesma sensação de plenitude e beleza intemporal se pode atingir por tantos processos e o ser humano acaba sempre por escolher aquele que lhe vai trazer mais dor. Estou-me a lembrar da Profecia Celestina e dos rituais de iníciação de alguns povos. Ocorre-me Nirvana. Falo de experiências místicas... Uma experiência mistica implica sempre uma despersonalização, um senir que o mundo não existe, eu não existo, tu não existes só o nós, uno, nirvana, orgasmo, o que lhe quiserem chamar. Assim, ninguém se pode realmente conhecer.O Amor é uma destes estados místicos. É uma magia diferente da usada pela razão. É mais poderosa a distorcer aquilo que precisamos acreditar que existe lá fora da nossa mente.

E no entanto, eu estou a usar a razão para escrever este texto. E no entanto, pensar sobre Amor não nos impede de o viver, apenas nos faz substimar as lamechices alheias: "estão SÓ iludidos".

É época de natal e é ver os homens na Baixa, ruborizados ao questionar as empregadas "mas isto dá para vestir com alguma coisa por cima?!" e outros ainda que observam um mulher a experimentar um perfume para depois correrem a comprá-lo para oferecer, criativamente, à respectiva. Mas também há os casalinhos Natalícios... e a propósito disso, alguém disse "tenho pena deles". Temos um problema de mapas agora... Eles dizem "Coitada, não sabe o que é amar!" e ela pensa "coitados, não sabe que estão iludidos!".

Não me estou a contradizer. Acredito no amor. Ele existe. Só que o sinto sempre como uma ilusão e, como tal, efémero! Vulnerável como uma vela acesa em dia de ventania.

E eu que tinha pensado em escrever sobre como estava lindo o mar hoje... Como me pareceu mais forte e doloroso por não o ver há tantos dias... Mas Abri o "Nem Contigo Nem Sem Ti" do José Gameiro e lá veio o tema que é comum a todos os seres humanos, o tema com que trabalho agora, o tema já tão gasto em poemas e canções que o banalizam, mas que são bem vistas pelos amantes (só as reflexões sobre amor e relações é que levam sempre comentários do tipo "estás a tirar a magia a tudo!"! Óptimo, foi o que eu acabei de dizer!).

Acabei a falar de Amor. E vou voltar com certeza a este tema. Talvez porque até gostava de fazer turismo no país das fadas mas sem perder o que há cá fora. Fernando Pessoa diria: "Não se pode comer o bolo sem o perder". Mas eu quero as duas coisas, ou mais se puder ser (aiii como seria fácil e enfadonho a vida fosse feita de dicotomias).



"É a relação humana onde aparece o que de melhor e de pior todos temos."
(José Gameiro)

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Uma Noite para Comemorar...


Esta é só uma noite para partilhar
qualquer coisa que ainda podemos guardar cá dentro
um lugar a salvo
Para onde correr
Quando nada bate certo
E se fica a céu aberto
Sem saber o que fazer
Esta é uma noite para comemorar
Qualquer coisa que ainda podemos salvar do tempo
um lugar para nós
onde demorar
Quando nada faz sentido
E se fica mais perdido
e se anceia pelo abraço de um amigo
Esta é só uma noite para me vingar
do que a vida foi fazendo sem nos avisar
foi-se acumulando em fotografias
em distâncias e saudades
Numa dor que nunca acaba
e faz transbordar os dias
Esta é uma noite para me lembrar
Que há qualquer coisa infinita como um firmamento
Um sorriso, um abraço
Que transcende o tempo
e ter medo como dantes
de acordar a meio da noite
a precisar de um regaço
Esta é só uma noite para partilhar
Qualquer coisa que ainda podemos guardar cá dentro
Um lugar a salvo
Para onde correr
Quando nada bate certo
E se fica a céu aberto
Sem saber o que fazer
Esta é uma noite para comemorar
Qualquer coisa que ainda podemos salvar do tempo
Um lugar para nós
Onde demorar
Quando nada faz sentido
E se fica mais perdido
e se anceia pelo abraço de um amigo...
[Mafalda Veiga]


Segundo o tão sábio poema do post anterior, não podemos conquistar o Tempo... Mas acho que lhe podemos trocar as voltas de vez em quando... Podemos roubar umas horas às responsabilidades, para um sopro mais demorado que enche as nossas vidas de cor, luz e canções... E no fundo, o Natal é isso mesmo, um pretexto para estarmos com aquelas pessoas que realmente importam, num ambiente diferente dos outros dias do ano. Mas sobre o Natal escreverei mais tarde... Não tenho conseguido enganar o relógio para poder postar textos meus, fico-me pelas músicas e pelos poemas que alguém, com mais inspiração e tempo do que eu, escreveu sobre aquilo que eu sinto.
Esta foi, portanto, uma noite para comemorar... O pretexto era um, mas como sempre, as celebrações ultrapassam sempre o mote. Chovia, o vento virava-nos os chapéus, os pés molhados já doiam, mas aquela vontade, aquela emoção que nos une e que é tão única e genuína, ultrapassou mais uma vez os obstáculos do Tempo (agora o tempo da meteorologia) e permitiu-nos uma noite onde imperou o valor máximo, A Amizade! Porque quando tudo o resto parece ruír, sabemos que existe este "lugar a salvo" para todos nós.
Não deixemos de pregar estas partidas ao Tempo, senão, um dia, sem darmos conta, estaremos a viver de memórias poeirentas do que foi.

Um beijinho a Manéis e Marias...
Ordálias vão continuar na ordem do dia!