quinta-feira, junho 29, 2006

Lisboa

Releio superficialmente os últimos posts… Já tantas coisas me passaram pela cabeça entretanto, tantos sentimentos que já mudaram… Também não é de admirar, com a facilidade que tenho em mudar de humor. É incrível como uma música, um cheiro, um gesto, uma palavra, um ambiente, me conseguem mudar o estado de espírito e produzir consequências (nem sempre boas) disso… Instabilidade humoral ficará para um outro dia, com outro humor… Com um humor para variações humorais, talvez!

Os últimos dois dias trouxeram-me coisas que há muito precisava… Consegui sentir de novo aquele calor do Sol a aquecer o meu corpo, o mesmo calor que se poderia tornar incómodo noutras alturas. Precisava de me apaixonar pela vida e é isso que está a acontecer… Quais foram, desta vez, as variáveis responsáveis pela mudança?! Amigos de psi, e Lisboa…

Os primeiros têm aquela característica importante de me deixarem ser eu e de serem pessoas com quem eu me permito ser eu. É preciso ainda acrescentar algo?!

Lisboa… Aqui tão perto e só agora começo a descobrir-te… Perco-me nas tuas ruas estreitas, nos teus becos cheios de histórias, nas tuas gentes tão diversificadas e ao mesmo tempo tão tolerantes.
Antes ouvia as pessoas mais bairristas falar do apego à cidade e da incapacidade de estar longe, e nunca percebi como é que um simples lugar podia ser assim tão importante, porque afinal, existimos independentemente dele… Ou então não… Se calhar começo a descobrir o meu lugar… Se calhar o meu lugar é Lisboa.
Apesar de gostar muito do sítio onde vivo, não me identifico muito com ele… A prova disso é que uns dias em casa a estudar para exames dão origem a toda esta corrente de pensamentos e ideias estranhas que têm aparecido neste espaço. Volto a Lisboa e apaixono-me de novo! Os prédios antigos, os mais modernos, os alfacinhas de gema e os turistas, os afazeres do dia-a-dia e as animações de rua, as avenidas e as ruelas estreitas… Todos estes ambientes, que parecem tão contraditórios quando usamos as palavras, coexistem em equilíbrio e formam um todo harmonioso que me faz querer lá estar…
Não consigo bem, ainda, explicar o que é isto de Lisboa, mas de certo que existirão mais referências a este tema no futuro. Neste momento, só sei que me sinto bem e que me apetece viver e respirar o ar como se fosse a última vez e sentir a brisa suave nos meus cabelos e sentir o sol a aquecer-me e deslizar pelas ruas de Lisboa, sem pressas nem destino, sem amanhã nem ontem, só o eu e o agora!

E as palavras faltam-me para poder descrever os quão importantes foram as pessoas e os lugares destes dias… fico-me pelos sentimentos… Boa Noite!

segunda-feira, junho 26, 2006

FREEEDDOOOOOMMMMMM!!!!
www.deep-focus.com/ flicker/stigmata.html)

"I'll spit on floors
Get drunk on love
Wear next to nothing
In the pouring rain
Be a bad example
And do it all again!"

(Chumbawamba - Mary, Mary – from Stigmata)

Just need to feel Free!

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E viva o livre-arbitrio!
Grrrrr tou “possessa”!!!

sexta-feira, junho 23, 2006

Tempo para "Ser"
Ontem o meu caminho emaranhou-se. Não apenas se bifurcou em duas estradas largas e bem pavimentadas mas os trilhos misturaram-se, mostrando carreiros mal definidos e outros meio obstruídos. Tive aquela sensação de estar sozinha no meio da multidão, por mais ninguém poder acompanhar os meus pensamentos.
E nisto ela canta…

Só hoje senti
que o rumo a seguir
levava pra longe
senti que este chão
já não tinha espaço
pra tudo o que foge
não sei o motivo pra ir
só sei que não posso ficar
não sei o que vem a seguir
mas quero procurar

e hoje deixei
de tentar erguer
os planos de sempre
aqueles que são
pra outro amanhã
que há-de ser diferente
não quero levar o que dei
talvez nem sequer o que é meu
é que hoje parece bastar
um pouco de céu

um pouco de céu

só hoje esperei
já sem desespero
que a noite caísse
nenhuma palavra
foi hoje diferente
do que já se disse
e há qualquer coisa a nascer
bem dentro no fundo de mim
e há uma força a vencer
qualquer outro fim

não quero levar o que dei
talvez nem sequer o que é meu
é que hoje parece bastar
um pouco de céu
um pouco de céu


(Mafalda Veiga, Um Pouco de Céu)

… E a vontade de partir à procura tomou, de novo, lugar em mim.E por que razão não fugimos nós e viajamos de cada vez a urgência de nos conhecemos e de obter respostas, nos assalta?! Uma das razões… Compromissos com a realidade. E por isso hoje, e face às numerosas queixas de “falta de tempo”, apetece-me falar das responsabilidades e tempos livres.

Uns entram para a escola com poucos meses de idade e outros começam apenas no 1º ciclo do ensino básico. Com maior ou menor investimento, tanto os jardins-escola como a escola “Primária”, oferecem às crianças actividades muito variadas e que apelam à criatividade. Eles desenham, pintam, fazem peças de teatro, cantam e ainda têm tempo para brincar sem lhes ser imposto um tema.

Quando chegam ao segundo ciclo, a coisa mais parecido que têm com isso é Educação musical e EVT (onde tudo está muito mais virado para a geometria, de carácter mais objectivo). No meu tempo ficava-se por aqui, agora parece que há umas quantas disciplinas novas que não sei de apelam muito a conhecimentos não-verbais. Mas lembro-me de voltar para casa frustrada por só me impingirem matéria e me dizerem o que fazer, e sempre que podia aproveitava para pintar, desenhar, fazer peças em barro e já não me lembro o que mais.

Pois, mas nessa altura havia tempo. Chega-se ao 12º com uma formação baseada em programas extensíssimos, que nunca são acabados, e com matérias estudadas para os testes e rapidamente esquecidas. Tudo isto tendo em conta que deixam de dar espaço para criar. Isso explica por que razão a maioria das baterias de testes de inteligência só medem atributos verbais, numéricos, visuo-espaciais, ou seja, apenas condutas cognitivas, deixando factores como a criatividade, de fora. Será que podemos dizer que o Joãozinho, com o seu QI de 70, é atrasadinho, só porque não tem jeito para português e matemática, quando na realidade tem um dom para o desenho ou para a pintura, ou constrói os seus próprios brinquedos, protótipos elaborados?!


Isto para dizer que a escola, não só nos bombardeia com material objectivo e tão sem aplicação que é esquecido e nem para cultura geral serve, como nos ocupa o tempo que poderíamos gastar sendo criativos, ou simplesmente fazendo coisas que nos são agradáveis (passear, estar com amigos, fazer desporto), coisas que contribuem para a nossa definição enquanto pessoas. Já repararam que as crianças passam cada vez mais tempo na escola? E tendo em conta a qualidade dos curricula que oferece, onde está o espaço para o desenvolvimento pessoal?

Bom, já me estou a dispersar do tema principal, o Tempo (ou a falta dele). Depois da escola, trabalho ou faculdade. Vou falar da faculdade. Normalmente tem horários flexíveis, mas e os trabalhos? Os apontamentos? O estudo? Com certeza vão ocupar as horas extra-curriculares. Nesta altura pensamos: “Que bom que era estar a trabalhar! Assim quando acabasse o dia de trabalho já não tinha mais nada para fazer e tinha sempre os fins-de-semana!”.

Pois, é verdade que normalmente não se traz trabalho para casa, mas passar dum horário de faculdade para um “nine to five job” (ou pior), muitas vezes longe de casa, o que implica horas perdidas em cansativos transportes públicos, ou no trânsito, não é fácil. Muitas vezes já se chega a casa tão cansado que não há disposição para fazer grande coisa. Então e os fins-de-semana?! Esses tornam-se nos dias de compensação em que se tenta fazer tudo o que não se conseguiu fazer durante a semana e nem sempre isso corresponde ao que realmente QUEREMOS fazer.

Mais tarde, as pessoas casam e têm filhos… É vê-los chegar a casa, dar banhos, fazer jantares, tentar brincar um pouco, mas “Oh não! Já é tão tarde e amanhã temos que acordar ás 6h da manhã para ir pôr os miúdos à escola e ir para o trabalho!”. :/

Os filhos saem de casa, os pais reformam-se. Agora sim, velhos e cansados temos tempo livre.. E entram em colapso! Tudo aquilo que sempre fizeram na vida foi trabalhar e agora?! O que fiz eu na vida? Estudei, trabalhei, tratei da família. Quem sou eu afinal?!

Quem seria eu sem a pintura, a fotografia, sem este espaço criado por mim para pensar, sem todas as coisas que gosto de fazer?!

Parece haver uma tendência para a estandardização, como se o sistema quisesse criar máquinas que consigam DECORAR os reis de todas as dinastias e as tabuadas. Parece que as actividades que nos tornam Pessoas, não cabem neste sistema.




Quero ter tempo para ser EU!!!

quarta-feira, junho 21, 2006


Já andava há algum tempo sem click’s musicais mas parece que as grandes bandas voltaram em massa! A desvantagem é que com tantas músicas ao mesmo tempo, acaba por não se dar a devida atenção a cada uma delas! No entanto há sempre aquela canção que sobressai logo da primeira vez que ouvimos um álbum… A que nos faz usar o repeat, e dar-lhe prioridade em relação às outras! Hoje estou muito Keane (já que não ouvi o Somewhere only we know do SBSR, ou pelo menos não me lembro de ter ouvido, uma vez que já dormia :P Sorry Zé), e trago a música que se destacou no Under The Iron Sea:

I don't wanna be adored
Don't wanna be first in line
Or make myself heard
I'd like to bring a little light
To shine a light on your life
To make you feel loved

No, don't wanna be the only one you know
I wanna be the place you call home

I lay myself down
To make it so, but you don't want to know
I give much more
Than I'd ever ask for

Will you see me in the end
Or is it just a waste of time
Trying to be your friend
Just shine, shine, shine
Shine a little light
Shine a light on my life
Warm me up again

Fool, I wonder if you know yourself at all
You know that it could be so simple

I lay myself down
To make it so, but you don't want to know
You take much more
Than I'd ever ask for

Say a word or two to brighten my day
Do you think that you could see your way

To lay yourself down
And make it so, but you don't want to know
You take much more
Than I'd ever ask for

Hamburg Song – Keane


Ainda um bocadinho na linha do feeling aqui retratado pela Lioness, mas sem dúvida menos ”Gore” e “Bloody”, não é Coisinha Abissal?! =) Para todos e para ninguém….
A verdade é que basta um sorriso ou “uma palavra ou duas” para dar luz e aquecer o dia! =) Que mais pedir ao mundo em troca de tudo?! É tão bom conseguir acender um archote no caminho dos outros (e por vezes tão difícil) que pedir sorrisos e palavras em troca já é ser egoísta! But, I’m human e altruísmo não existe.

E chega de procastinação, vou mas é estudar Freud! É verdade… Até custa a admitir tal é a revolta por estar a perder tempo com isto! As tretas que nos fazem assimilar! Vai dar boas broas, tenho a certeza =)

Beijinhos e abraços =)

terça-feira, junho 20, 2006

Há muitos anos que não cultivava o hábito de confiar os meus dias a um diário, mas parece que este blog se transformou num diário de bordo das minhas viagens… Chego a casa, sento-me ao PC e parece que faço um balanço automático do meu dia. Lembro-me das músicas que me contaminaram o pensamento e que não parei de cantar, lembro-me do que senti ou sinto no momento presente, lembro-me de pessoas que figuraram nas horas passadas e foram significativas… Lembro-me e tenho vontade de escrever, de fotografar, de cantar, de pintar, de me exprimir de qualquer forma possível.

Hoje, depois de mais um exame, fui passear… Amigos, pessoas com quem já não falava de outra coisa sem ser trabalhos e exames há muito tempo… Decidimos ir passear, meio sem destino, só pelo prazer de estarmos juntos outra vez, como se não houvesse um amanhã com artigos, exames, clausura.

Meio a brincar, meio a sério, entramos no elevador de Sta Justa, onde quase ninguém tinha ainda estado, por incrível que pareça… Lembrei-me das primeiras vezes que ali passei e de me perguntar o que estaria lá em cima… Hoje fui desvendar o mistério! E quem disse que as coisas, depois de mistério desvendado, perdem o interesse!? Simplesmente ganhou outro significado… O lugar ficou tatuado em mim porque agora contém as gargalhadas enquanto o elevador subia, o espanto quando as portas se abriram para um plano alargado da cidade de Lisboa, o espanto ainda maior quando subimos mais um patamar pelas escadinhas em caracol e o medo quando o ultimo lanço de escadas foi atingido e parecia que qualquer brisa nos iria derrubar.

Descidos dois patamares lá estava ele… Convento do Carmo… Imponente e magnífico, passou-me despercebido durante anos, para passar a ocupar a minha mente numa perseguição obsessiva. Não entrámos, mas eu lembrei-me… Já não faz sentido agora… Como seria se tivesse entrado, teria perdido a magia?! Num post antigo fui acusada de me agarrar a momentos mágicos para me proteger… Se lá tivesse estado hoje, convosco meus amigos, teria deixado de ser mágico?! Não creio. A ideia de ter desejado lá ir noutras circunstâncias desaparecia e com ela, essa magia, mas outra ocuparia o seu lugar. De qualquer forma, continuo a querer a outra das duas companhias que desejei ter na minha primeira entrada no Convento do Carmo: uma câmara fotográfica! Assim poderia captar o momento tal como o sentia: com o espanto do primeiro olhar!

E já vou longa nesta dissertação, mas realmente, hoje foi um dia mais especial do que alguns outros. Hoje foi dia de matar saudades daquelas pessoas com quem estamos diariamente, mas com quem afinal não “estamos”. Foi dia de mais lugares se tornarem meus, lugares que nós vamos saber de cor (se alguém ficar com Alzheimer, têm o BUC para comprovar este dia). =)
Até à próxima viagem ;)

domingo, junho 18, 2006


Voltei de um fim-de-semana de abstinência intelectual, de galos como despertador, de improvisos rurais, de uma cúpula nocturna estrelada como nunca antes tinha visto, gritarias e gargalhadas, piscina e fotografia! Óptimo para as ideias irem migrando progressivamente para o seu lugar e para conclusões emergirem como um click súbito do óbvio...
Volto a casa e tudo o resto mantém-se indiferente, apesar do meu novo humor, das minhas novas descobertas, da alegria de uns dias de energias recarregadas. Parece que nós evoluímos e o mundo não... Bom, ou então simplesmente há pessoas que nasceram com a vontade permanente de derrubar os outros...
Risco os dias do calendário, ainda me faltam umas semanas de clausura, mas agora com outro alento (pelo menos, assim o espero). Estou cansada, mas é aquele cansaço bom... Doem as pernas de passear e nadar, o sono chama por não ter sido atendido enquanto coisas mais interessantes se faziam... Dias cheios é o que importa! =)
Vou à caminha.. Boa Noite Mundo!

segunda-feira, junho 12, 2006

Now you’re a star in heaven…”













Novo, novidade… uma palavra para descrever os últimos meses? Seria Novidade… Descobri em mim alguém que não conhecia, descobri que sabia dar, que não precisava de joguinhos para me proteger, nem de birras para comunicar… Aprendi coisas novas, conheci lugares que vão ficar para sempre comigo… E é tudo isto que ficou que me causa agora isto que não é bem tudo nem coisa nenhuma… Ficaram os símbolos… Estão por todo o lado… Quero fugir por uns tempos e esquecer mas sei que o caminho é apenas integrar a Novidade...

ACASO


Cada um que passa em nossa vida,
passa sozinho,
pois cada pessoa é única
e nenhuma substitui outra.
Cada um que passa em nossa vida,
passa sozinho,
mas não vai só nem nos deixa sós.
Leva um pouco de nós mesmos,
deixa um pouco de si mesmo.
Há os que levam muito,
mas há os que não levam nada.
Essa é a maior responsabilidade de nossa vida,
e a prova de que duas almas

não se encontram ao acaso.

(
Antoine de Saint-Exupéry)


Sem dúvida que ficou muito...

Quase me assusta descobrir que foi este sabor, que a vida inteira procurei entre a paixão e a dor”… foi a parte que nunca cheguei a cantar e é o que mais faz sentido agora… Se ganhei alguma coisa foi esta capacidade, totalmente nova, de dar e amar e é por isso que não consigo ter raiva, e ainda compreendo …

Eu disse-o antes e nada mudou…
Want my hear to break if it must break in your jaws”... Done.

Obrigada por tudo!

(Foto de José Manuel Silva)

sábado, junho 10, 2006

Hoje não haverá foto... não que não tenha umas quantas por aí que até ficavam bem com um poemazito, uma dissertação ou uma canção, mas a única foto que poderia mostrar agora ainda não está feita... falta de meios, de material, de tempo... O meu tempo tem sido ocupado com leituras e releituras de coisas que não acho importantes mas que tenho que fazer de qualquer modo...
A foto, que continua na minha mente, foi accionada por uma cascata de sentimentos vividos há cerca de uma semana e têm a sua expressão verbal numa música que canta assim:
"Want my last look to be the moon in your eyes...
Want my heart to break if it must break in your jaws..."
(Lioness, Song: Ohia)
Claro que uma imagem iria conseguir expressar muito melhor o estado "Nirvanico" do momento...
Apesar de já estar um pouco digerido, alguma coisa ficou daquela ternura súbita e urgente. Agora rebusco esse sentimento para me esquecer deste cansaço, desta sensação de solidão... Todos estão virados para si a estudar (e os que não o fazem estão a divertir-se) e é como se estivesse num mundo à parte em que embora fale com as pessoas apenas as posso tocar superficialmente com as palavras... Irrito-me com facilidade e não permito a proximidade... Paradoxo? Wellcome to my journey!
Dias melhores virão...