domingo, agosto 05, 2007

Escuro e Luar

Feitos de chão, de chuva e sonho

Fora do tempo
Despedaçado
o que fica de nós
Nas batalhas sentidas cá dentro
Por isso é que eu sigo esse brilho da noite
Que é estrela ou chama
Olhar ou mar
E vou procurar essa luz
Mas só quero lá chegar contigo

Feitos de tempo em mil pedaços
De escuro e luar
Há uma noite que é escolhida pra ser
Essa noite que se há-de guardar
Por isso é que eu sigo esse brilho ou calor
Que é estrela ou chama
Ou tu em mim
E vou pra poder descobrir
Quem é que ainda sou contigo

Dispo o cansaço e recomeço
Mais uma vez
Há um sorriso que nos salva do frio
E recolhe o que a vida desfez
Se me desarmo noutro feitiço
Num outro olhar
Há um abrigo que não deixa morrer
Quem nós somos e o que temos pra dar
Por isso é que eu sigo esse brilho da noite
Que és tu em mim
Ou quem eu fui
E vou pra poder descobrir

Quem é que ainda sou contigo

Mafalda Veiga

Reencontro as minhas canções, aquelas intemporais que fazem companhia quando a noite se instala pesadamente sobre mim e o sono me falta. Não sei de onde vêm mas nas últimas horas têm germinado em mim ideias e ideais de vida que remetem para qualquer lugar longe daqui, ainda que outras insistam num olhar diferente sobre o que já conheço. Os meus passos traem-me ao tomar consciência da origem dessas ideias e muitas vezes penso que assim não fazem sentido porque não nasceram só de mim e não podem ser levadas a cabo só por mim… Por outro lado, apetece-me sair e colocá-las, a todas, em prática, para poder dizer “eu consegui”, “eu não tive medo”, qual menina rebelde que foge de casa sem deixar carta. A procura recomeçou, catapultada pelos acontecimentos dos últimos dias, pelas pessoas que me continuam a empurrar, pelo Camus que já chama por mim para que lhe leia A Peste. Não sei até onde vou conseguir ir, não sei sequer se vou sair do mesmo lugar, não vou certamente trair memórias que não são só minhas e que escondem o vazio na minha alma, mas sei que vou continuar a fazer o que me apetece porque só assim será verdade em mim. Receio e nego uma camuflagem daquilo que esperava vir a viver neste momento, quero acreditar que é real e não de vai desvanecer, como tantas outras coisas, ao nascer-do-sol.

“Por isso é que eu sigo esse brilho da noite” sem saber ainda onde isso me vai levar…

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