Não consigo dormir. Sei que temo trabalho a fazer amanhã, mas ocupo-me com os moldes, pesquiso imagens, procuro um nome para as minhas criações. O sono não vem. Disseram-me que podia ter que ser eu a acender o lume na casa. Ainda não tinha pensado nisso. Mas a casa não é minha e não quero ser invasora. Não tenho sono. Há também a hipótese de seguir em frente ao encontrar a casa vazia. E as feridas do caminho?! Ia demorar até poder continuar. Os olhos não pesam. Vou sair da árvore e sentar-me perto da entrada do caminho.
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Uma amiga minha costuma dizer “As coisas que se descobrem em época de exames!”, na realidade é altura de aproveitar para fazer tudo menos o que temos urgência em fazer. Há uns dias tive uma “daquelas” conversas, em véspera de exame, durante a qual me diziam assim:
“As pessoas já não convidam as outras para fazer coisas estúpidas!”.
Coisas estúpidas como ir à caixa geral de aposentações e ter 300 pessoas à frente a uma hora de fechar, ou combinar o dia de ir acampar para o centro de saúde, procurar uns sapatos que não existem ou ir pagar uma conta. Realmente, nos centros urbanos (era sobre isso a nossa conversa) as pessoas fazem todas essas coisas chatas e mundanas sozinhas. Assim, acabam por guardar um pouco do seu tempo para “convidar”, oficialmente e com telefonema antecipado, os outros para ir ao cinema, teatro ou simplesmente sair à noite.
Ora, todos se queixam da falta de tempo, então porque não aproveitar essas horas e horas passadas a fazer coisas aborrecidas com alguém interessante em vez de esperar pelo “café” marcado para o fim-de-semana seguinte?!
Esses momentos, essas tarefas ou os “recados” como lhes chamo muitas vezes, por serem pedidos cá de casa, também são parte de nós. Quem já foi comigo à procura de calças sabe do que estou a falar. Além de serem partes de nós, podem ser também um desperdício de tempo. Já tentaram levar a bela da sebenta para o centro de saúde ás 7horas da manhã!? É impossível fazer render aquelas horas com os concursos do “quem quer ter mais doenças!”.
Penso também nos casalinhos, até porque vem aí o S. Valentim e já começa a irritar sem ter começado. Os namorados que fazem todas essas coisas chatas sozinhos para depois terem a tarde de domingo para ir ao cinema, dar milho aos pombos ou passear na praia. E conhecer as pessoas na sua vertente “vítima da burocracia e do mau funcionamento do país”?! E a dimensão “procurar os sapatos que não existem”?! E a secção do “tenho que encontrar uma prenda para a minha amiga, SOCORRO!”?! E a parte do “vou ao médico de família! SOS!”?! Tudo isso faz parte das pessoas. Grandes cumplicidades se criam nestes momentos, principalmente quando as pessoas estão a fazer a mesma coisa.
Além do aproveitamento do tempo e de serem partes da vida das pessoas que podem ser partilhados, além de tudo isso, duas cabeças pensam melhor do que uma! “Olha aquela caixa! Vamos ler o que lá diz! Olha afinal podes por aqui os teus papéis e escusas de esperar pelas 300 pessoas à tua frente!”. E pronto, lá vão elas passear.
Nós não somos só cinema, passeios, borga, jogos de futebol, cafés… Somos cidadãos de Portugal que esperam horas e horas em filas, que preenchem resmas e resmas de papel só para pedir um alfinete e que passam de funcionário em funcionário porque nunca ninguém sabe nada nem viu nada. Além disso, vivemos num mundo materialista e temos que fazer compras, e como somos exigentes, às vezes é complicado, como as caixas estão sempre cheias, levamos muito tempo a fazê-las…
Por isso, aproveitem tempo, partilhem momentos, divirtam-se!
1 comentário:
o problema e mm arranjar alg k paciencia pa isso....:|
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