quarta-feira, janeiro 24, 2007

Quem é capaz de gritar na multidão? Dançar no meio da avenida ao som de um qualquer músico de rua? Quem faz realmente aquilo que lhe apetece sem pensar no julgamento dos “outros”?
Até hoje encontrei muito poucas pessoas capazes disso. A maioria fá-lo quando tem a desculpa de já ter bebido um copo, mesmo que ainda não tenha feito o devido efeito.
Parece que as pessoas se preocupam em parecer louquinhas e por isso não se exprimem. Será por isso que não se compreendem grandes artistas que acabam com rótulos de “doidos”?! Não serão eles apenas pessoas que exprimem os seus sentimentos, o seu self sem se preocupar com a opinião dos “outros”?! Talvez por isso sejam artistas! Quem se reprime não poderá criar uma obra controversa e são elas que definem os grandes artistas.



Gostava de, um dia, andar a passear pelas ruas de uma cidade, como Lisboa, como uma rua apinhada de Lisboa, depois de ter entrado nas lojas e experimentado roupa extravagante só para rir uns dos outros, como fazemos por vezes… E nesse dia, depois de jactos de palavras alucinadas, alguém me puxar a mão para dançar ao som de uma guitarra ou um jambé, ou mesmo da carrinhola do fado onde outro dia estava a tocar o Batel da Dulce Pontes, e com a qual eu cantei também… E depois dançávamos, eu com os meus pés de chumbo que serviam somente de razão para mais gargalhadas, sem querer saber de quem parava para olhar a nova modalidade de “pedintes”. No meu sonho elas acabavam por moedas no chapéu dos músicos, mas na realidade provavelmente seguiam caminho a pensar que todas as pessoas deviam ser “civilizadas”. Pergunto-me onde vai a civilização com tão falso “bom senso” e tanta capacidade de fingir. Que grande futuro de actores.




Gosto de cantar pelas ruas, trautear as canções que me ficam no ouvido, ou acompanhar as que ouço por uma janela ou de um carro. Gosto ainda mais quando alguém junta a voz à minha, sem medo dos pensamentos dos outros. Também grito quando as palavras não chegam. Só conheço mais uma pessoa sem medo de gritar seja onde for. Ponho-me então na mente de quem não me conhece e lê este texto… Imagino que estaria a pensar: “Se toda a gente andasse para aí a gritar ou a cantar não faltaria!”. Talvez se as pessoas realmente pudessem protestar em vez de calar e “engolir sapos”, se soubessem comunicar, elas já não precisariam de gritar. Mas estas são conclusões à posteriori. Gostava de encontrar mais genuinidade e menos máscaras do socialmente correcto. E realmente penso que é parvo preocuparmo-nos com o que os outros dizem ou pensam de nós, até porque:

"Nós somos os outros dos outros."

[ 1ª Fotografia by Wayfarer, 2ª e 3ª fotografias cedidas gentilmente por Mário Cruz (foi dificil escolher :P) ]

4 comentários:

Marcos Sobral disse...

sera k e por isso k me olham sp de lado ou pensam k tou bebedo nos tributos ou as x na rua kd falo kmg ?? lol so pode....
km diria Pessoa "de medico e de louco todos temos um pouco", se bem k uns mais k outros.... ou sera a minha insanidade mais sã k a sanidade dos outros ? (n deve ser certamente mas sp paira no ar)

José Lima disse...

(Em primeiro lugar quero só dizer que adorei a 3ª foto do bus, e as outras 2 também, mas a terceira está original)

Eu tenho uma teoria sobre este assunto que me ajuda a fazer o que quero quando me apetece (embora não o faça com frequência, é da timidez), eu acho que a estranheza com que as pessoas nos olham quando agimos de forma fora do comum em público é proporcional ao desejo que elas têm de ser tão livres como nós naquele momento!

Aprender a ser livre é algo que muitas pessoas acham que não se aprende porque já somos todos livres, mas a maioria não sabe o que é realmente ser livre... E é tão fácil ser-se livre, deixar-se levar, nem que seja por iniciativa de outras pessoas... Não é algo que se aprende, é algo que se tem de querer.

E sim, é parvo preocuparmo-nos com o que os outros pensam, só temos de ser nós e seguir aquilo que nos move por dentro, lembrarmo-nos que para os outros é muito mais fácil tirarem conclusões e assumirem algo sobre nós do que realmente olharem para nós e nos verem verdadeiramente. É por isso que damos muito valor às pessoas que nos conseguem ver por detrás de todo este ruído.

Espero sinceramente que no teu círculo interior tenhas sempre pessoas que te possam puxar para situações em que te sintas livre... E que o faças também tu a todas as pessoas, sem medo de fazer, sem medo de dizer!

Várias Paixões disse...

Pois como "sou feita ao contrário" (ou talvez não)...é mesmo quando me apetece que faço essas coisas no meio de muita gente,e se têm o azar ou sorte (tb não sei) de me olharem é mesmo quando faço pior, grito ainda mais alto e até me descalço para dançar...e quero lá saber dos que olham,quero é rir e fazer rir os que me acompanham e gostam de mim tal qual como sou, maluca ou feliz????Quem quiser que escolha...

Drifter disse...

À grande maioria das pessoas que passam na rua falta a verdadeira paixão de viver. É nisso que tens que acreditar!